quinta-feira, 14 de maio de 2009

Pergunta reformulada

.....Nas características que o narrador atribui a Pedrinho encontramos várias vezes a adjectivação e a dupla adjectivação como por exemplo “dois olhos maravilhosos e irresistíveis” ou “um belo árabe”. Este recurso estilístico tem como função descrever o Pedro e mostrar a opinião do narrador. Encontramos também um eufemismo em “prontos sempre a humedecer-se” conseguindo, assim, atenuar o facto de ele estar sempre pronto a chorar, dizer e uma maneira menos agressiva. Temos igualmente enumeração na frase “a brinquedos, a animais, a flores, a livros.” o que mostra o desinteresse constante do Pedro. Existe uma antítese entre “maravilhosos e irresistíveis” e “prontos sempre a humedecer-se” que mostra o contraste dos seus olhos.

Texto livre

Evolução da esrita
.....Um dia pus-me a pensar: como eram os meus textos há dois anos? E há seis anos? De repente lembrei-me, isto é um óptimo tema para o texto livre de português. E assim foi, adoptei este assunto e comecei a escrever este texto.
.....Comecei há algum tempo atrás, mais precisamente, no 1ºano de escolaridade onde a professora era dócil, meiga e tinha paciência. Essa tal professora ensino-nos as primeiras letras, do A a Z. Foi um pouco estranho, na altura, mas habituamo-nos. Um pouco mais tarde mandaram-nos escrever palavras. Algumas eram pequenas, como pão, outras eram maiores, como padaria e juntamente com isso disseram-nos que todas estas palavras, juntas, iam dar origem a uma frases e que, consequentemente, as frases todas juntas iam gerar um texto. Era tudo muito bonito, até ao momento em que nos pediram para fazer um, sozinhos e sem ajuda nenhuma. Um texto? Com muitas frases juntas? Como é que isso se faz? Foi essa a minha reacção, ou deve ter sido, pelo menos seria aquela que eu teria se isso acontecesse agora. Contudo, não foi assim tão difícil. Uma composição sobre uma menina e um menino que comeram uma maçã e pronto, vitória vitória acabou-se a história. Nem foi nada de muito mau, o problema foi quando complicou um pouco mais.
- Façam um poema – disse a professora. A nossa reacção foi igual àquela que tivemos quando nos mandaram fazer um texto. Como é que se faz um poema? Onde é que encontro palavras bonitas que rimem? Mas, como diz um professor de matemática muito célebre, somos mais antiquados que os nossos bisavós pois vemos algo de novo e começamos logo a entrar em pânico. Depois desse pânico lá fomos conseguindo fazer esses poemas. Desde que rimasse estava tudo muito bem, nem que fosse a pior barbaridade do mundo. Os meus sempre foram uma desgraça, nunca tive muito jeito para a rima. Com tudo isto acabamos o 1º ciclo.
.....No 2ºciclo tudo foi mais complicado, tudo mais aprofundado. Os textos muito maiores e com temas mais complexos. Já não podiam ser aqueles textos com seis ou sete linhas e com uma linguagem básica. Tinha de ser uma linguagem mais requintada, digamos. Mas quem pensava que o 2º ciclo era difícil o que acharia do 3º? Isso sim foi complicado. Textos de uma página, poemas quase de mestre, Auto da Barca do Inferno, Lusíadas, tudo o que era difícil nós tivemos que fazer. Mesmo assim, conseguimos. Ultrapassámos todos os obstáculos e já estávamos aptos para ingressar no ensino secundário. E assim foi. Mudámos de escola, de turma, de ambiente mas o que mudou mesmo foi o grau de dificuldade. Um portefólio com textos? Para entregar todos os períodos? Planos para fazer os textos? Não podemos fazer o texto e pronto? Contrato de leitura? Isso existe? E mais uma vez o tempo e a prática fizeram com que conseguíssemos contornar estas barreiras.
.....Este ano, 11ºano, pediram-nos outra vez coisas novas. Insistiram nos textos argumentativos, talvez porque sejam importantes para o nosso futuro e por último mandaram-nos fazer um texto crítico, uma caricatura baseada em personagens d’ Os Maias e, isso sim, foi complicado. Porém, com a experiência que tenho, que é pouquíssima em relação à de outras pessoas, sei que para o ano os textos vão complicar, os desafios vão ser mais difíceis. Estaremos à altura desses desafios? Ou cairemos da parede como alguém nos disse no início deste ano? Veremos.

Texto Contratado

.....Os Maias, de Eça de Queirós, são uma das melhores obras nacionais e o maior sucesso de Eça, apesar da maioria das pessoas achar que são uma seca ou que só servem para enfeitar. Mas, para dizerem isso, só há 3 hipóteses: 1. Não leram e ouvem os outros dizer que Os Maias não prestam e repetem; 2. Leram mas não perceberam nada; 3. Leram, perceberam e acharam-se parecidos com alguma personagem do livro e não gostaram. Quem leu a obra, percebeu e gostou deve entender o que eu quero dizer.
.....Neste livro, Eça expôs, a nu, a sociedade portuguesa. E o que mudámos até agora? Nada, absolutamente nada. Podemos estar mais modernos e sofisticados mas os “podres” da sociedade continuam a ser os mesmos. A mania do chique, do importar coisas do estrangeiros apesar de nunca resultarem no nosso país, os políticos desinteressados com a situação do povo, os corruptos, o jornalismo do “só se põem o que convém”, as cunhas. Está tudo igual e as personagens não são excepção, também elas têm como que uma “versão evoluída” na nossa sociedade actual. De entre tantas personagens decidi escolher D. Maria da Cunha comparando-a com a socialite Cinha Jardim.
.....Vários foram os motivos que me levaram a acha-las parecidas apesar de, como é normal, terem as suas diferenças. Eu escolhi a Cinha Jardim não pelo facto de não a apreciar, pelo contrário, até gosto da senhora e acho que há mulheres bem piores nesta nossa sociedade. Voltando a minha comparação, achei-as mesmo parecidas pois, tanto uma como outra, são bastante bonitas apesar da idade que têm. Contudo, Cinha Jardim expõem muito mais o seu corpo, principalmente em revistas masculinas mas se fosse “moda” pousar nua na época em que Eça escreveu o livro, provavelmente, D. Maria também o faria, não sei já que ela tem aquele espírito de não se interessar com o que os outros dizem, o que se vê muito bem no episódio d' Os Maias da “Corrida de cavalos”. Cinha Jardim tem, igualmente, esse traço de personalidade pois age/fala sem se preocupar com o que a sociedade ou os média vão dizer dela. Podemos ainda observar as suas semelhanças nos assuntos que as agradam, D. Maria da Cunha gosta de coisas típicas dos homens e fala desses temas abertamente apesar de também saber falar de temas de mulheres continuando a comportar-se como uma senhora de alta sociedade tal como Cinha Jardim. Gosta bastante de futebol, de touradas, ou seja, de coisas maioritariamente apreciadas por homens mas frequenta todos esses eventos sem nunca perder a “pose” e o “nível”.
.....Esta é uma das muitas comparações que se pode fazer, haveria muitas outras possíveis, o que mostra que Eça de Queirós fez um óptimo trabalho n’ Os Maias. Se alguém voltasse a expor a sociedade actual, o resultado seria quase idêntico, com menos qualidade, talvez, visto que o escritor seria outro e, duvidosamente, existe neste país um escritor com tanta qualidade como Eça, mas as ideias estariam lá e os vícios e desfeitos da sociedade também. Passou tanto tempo e continuamos os mesmos. Será que daqui a dois séculos, poderia voltar a escrever este texto?